

Daniel Lopes Toledo
CFO ASES
Telefone
+55 (27) 99636-7611
Endereço
Rua Jaime Pacheco, Campo Grande,
Cariacica - ES / 29146-514
Data de nascimento
27/01/1970
Sobre Mim
Sou fruto do ambiente em que vivi, das pessoas com quem convivi e das experiências que marcaram minha trajetória. Ao longo dos meus 53 anos, cada lugar onde morei, cada trabalho que desempenhei, cada comunidade da qual fiz parte — seja na sociedade, na família, no trabalho ou na igreja — contribuiu para moldar quem sou hoje.
Acredito que somos profundamente influenciados pelo meio social, pelas crenças, pela cultura e pelos costumes que nos cercam. Os líderes que nos inspiram, os amigos que nos acompanham e até os desafios que enfrentamos deixam marcas que nos transformam.
Para contar minha história de forma clara e significativa, gosto de dividi-la pelos lugares onde vivi e trabalhei. Cada etapa representa um capítulo importante da minha vida, repleto de aprendizados, conquistas e crescimento pessoal.
Essa jornada me tornou o ser humano que sou hoje: comprometido, resiliente, guiado por valores sólidos e sempre disposto a contribuir com o melhor de mim em cada ambiente que faço parte.
Narrativa da Minha História
Minha Origem
Goianá – 0 a 17 ANOS – NASCIMENTO E VIDA CAMPESTRE
Nasci na zona da Mata Mineira, na cidade de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, localizado no sudeste do Brasil em 27 de janeiro de 1970, sendo o caçula de uma família de oitos irmãos. A primogênita faleceu no nascimento. Cresci com seis irmãos mais velhos que eu e todos somos filhos de Américo Pereira Toledo (in memoriam) e Horaida Lopes Toledo. Tenho vivos três irmãs – Célia, Marleni e Cirleni, e três irmãos – Antônio, Paulo e João. Apesar de nascido numa cidade grande, em virtude de não haver hospital em minha pequena cidade, meus outros irmãos nasceram em nossa casa com parteiras sem ir ao hospital. Minha família morava numa pequena cidadezinha mineira, que dista quarenta quilômetros de onde nasci, chamada Goianá e tem atualmente uma população próxima de cinco mil habitantes. Meu pai trabalhava de forma braçal no trabalho rural para termos o nosso sustento, e à medida que meus irmãos cresciam e depois também eu, participávamos do trabalho rural para nossa manutenção e sobrevivência através do plantio e cultivo de principalmente arroz, feijão e milho. Não possuíamos terras, além da casa que morávamos com um pequeno quintal com árvores frutíferas que havia sido doado a meus pais pelo meu avô materno. Como não possuíamos terras suficiente para as plantações, meu pai plantava em terras de fazendeiros da região que exigiam metade da colheita pelo aluguel e uso da terra. Plantávamos também cana de açúcar, amendoim, mandioca, batata, tomate, jiló, quiabo, beringela, hortaliças em geral e mais outras coisas desta natureza. Basicamente era uma agricultura de subsistência, sendo poucas coisas vendidas para compra de outros produtos necessários que não eram produzidos por nós mesmos na terra. Comecei a trabalhar na agricultura com sete anos de idade, em serviços mais leves, como colocação de sementes nas covas e levar almoço e água para meus irmãos e meu pai. À medida que fui crescendo experimentava também trabalhos mais pesados e duros, como lavrar a terra com o uso da enxada. Também experimentei a partir dos meus 12 anos trabalhos com machado, cavadeiras, foice, pá e picareta entre outras ferramentas usadas neste tipo de trabalho. A vida era dura, mas eu era feliz. Cresci num lar cristão e bem simples e humilde. Meus pais já eram adventistas quando nasci, e todos de minha casa foram ensinados na Palavra de Deus. Todos os dias sem exceção nos reuníamos para estudar a bíblia e estudar a lição. Meu pai contava histórias dos heróis da bíblia para mim após a reflexão vespertina quando era ainda criança. Desde criança aprendi e tentei ser obediente aos ensinamentos bíblicos e de meus pais. Aos 14 anos me tornei tesoureiro da nossa igreja, ao começar o curso técnico contábil e também preguei meu primeiro sermão em nossa igreja. Não tínhamos muitos pregadores e alguns sábados só teríamos a escola sabatina, e não achei correto não ter cultos por falta de pregadores, e me senti na obrigação de fazer algo e resolvi pregar. Fato interessante foi que, após escolha da mensagem a ser apresentada, treinei tanto, e ao treinar levava quase uma hora pregando pra mim mesmo, mas ao pregar na igreja em menos de dez minutos o sermão tinha terminado. Persisti e me tornei um pregador da palavra mais por necessidade da nossa igrejinha, que por capacidade minha. Apesar de poucos recursos e ter que trabalhar desde bem pequeno, tive uma infância muito feliz. Minha diversão predileta era jogar futebol com meus irmãos e meus amigos, o que era feito regularmente. Também me divertia brincando com carrinhos, tratores de plástico que ganhava de um vizinho abastado financeiramente quando seus filhos não desejavam mais os brinquedos por serem muito usados ou já serem crescidos e sem interesse nestes brinquedos mais. Destes e dos meus primos também ganhava roupas e calçados. Andar de bicicleta, nadar e descer um rio por aproximadamente três quilômetros sobre uma boia (flutuador móvel que antes havia sido câmara de ar usada dentro do pneu de caminhão) para me manter à superfície da água, também faziam parte das minhas brincadeiras prediletas de infância. Estudava na única escola de Goianá, que era pública. Eu era o diferente em minha classe pois todos eram católicos apostólicos romanos e eu sempre fui adventista. Meus colegas ficavam falando que me levariam para a igreja deles para todos sermos iguais. Uma parte deles ajudava no serviço religioso nas missas de domingo, o que chamamos de coroinhas (auxiliares infantis dos padres). Eles diziam até para os professores na sala de aula, que eram da mesma religião, e que me levariam a ser membro da igreja católica com eles. Estavam desejando fazer proselitismo comigo, mas mesmo pequeno eu já tinha conhecimento bíblico extremamente superior ao deles, pois tínhamos cultos todos os dias em casa, isto era uma vantagem perante o desconhecimento quase que total que eles tinham acerca das escrituras. Quando queriam discutir temas bíblicos como adoração de imagens por exemplo, até os professores sabiam menos que eu. Ainda que tivesse entre sete e dez anos de idade, possuía mais conhecimento bíblico, pois eram católicos apenas nominais e não estudantes da Palavra. Nós estudávamos a bíblia em casa. Meu pai reunia todos os filhos e minha mãe para o culto vespertino. Pela manhã não tínhamos culto juntos, pois meu pai saía muito cedo de casa para o trabalho, por volta das cinco horas da manhã. Mas nos orientava, ao nos levantarmos, a cada um ler um trecho da bíblia e orar ao acordar e antes de sair para as atividades do dia. Portanto pela manhã a devoção era individual e a noite o culto com a família, mesmo sob luz de lamparina, a energia elétrica era apenas para o mais abastados na zona rural, pois exigia um transformador de energia, que tinha custo muito alto. Frequentemente o padre que era uma liderança não só religiosa, mas também quase um prefeito e que já estava na paróquia há mais de vinte e anos, visitava a escola e chamava aluno por aluno numa sala que a direção da escola providenciava para ele fazer este atendimento aos seus membros mesmo que ainda pequenos. Ele ficava em torno de 10 minutos com cada aluno e interessante que também me chamava, apesar de ser adventista, eu ia e ele fica conversando comigo sobre minha família, sobre minha fé e era até cordial comigo, nunca foi ríspido como meus colegas diziam que ele era com eles. Todos tinham muito medo dele. Imagino que uns 95% da população de Goianá eram da religião católica, e na sua grande maioria todos tinham muito medo dele. Seu nome era Padre Antônio Machado da Cruz. Eu o respeitava, tinha menos medo que os meus colegas. Quando ele avisava que faria as visitas, a turma fica em alvoroço, e quando um voltava da sala de atendimento espiritual, era extremamente questionado sobre quais perguntas lhe haviam sido feitas. Quando era eu que voltava para sala de aula então as perguntas eram inúmeras e de todas as naturezas. Este padre era quem mais conseguia benefícios para nossa comunidade, mais que os políticos. Eu o respeitava e acabei por aprender algumas coisas com liderança da parte dele, tais como desejar as coisas corretas sempre, por isto os meus colegas tanto tinham medo dele, sobre elogiar minhas notas e minha fé mesmo eu não sendo católico, e por ele gastar tempo comigo, mesmo eu não sendo sua ovelha. Ele quando conseguia algo de bom pra comunidade eu também me beneficiava e aprendi a ter respeito por ele e não medo, ainda que desse um friozinho na espinha quando caminhava em direção a sala ou mesmo debaixo de uma árvore frondosa e fresca quando estava calor , local preferido por ele para nos entrevistar, onde era colocada uma mesa com cadeira pra ele e outra cadeira em frente para o aluno ser entrevistado ao livre, mas sempre longe do ouvido das demais pessoas, ainda que pudessem ser avistadas. Minha primeira professora se chamava dona Maria das Graças. Eu tinha sete anos e entrei no que era chamado de primeiro ano primário. Não existiam turmas de pré-escola como temos hoje com crianças indo com menos idade para escola. A série inicial era aos sete anos. Esta professora era a bondade em forma de gente. Com ela também aprendi, a amar as pessoas. Amorosa, paciente, calma, bondosa e extremamente carinhosa comigo e com todos os outros alunos da turma. Até parecia minha mãe em bondade. Ela nos recebia e nos despedia a todos com um beijo no rosto. Ela devia ter uns trinta anos e corria o ano de 1977. Aprendi muito com esta senhora e se fui um aluno aplicado e estudioso durante os anos de minha infância e adolescência tenho que dedicar a ela este crédito. Todos os anos a visitava juntamente com minha mãe para lhe agradecer e sempre lhe dizer o quão importante ela foi na minha vida. Terminado o Ensino Fundamental fui estudar numa cidade vizinha chamada Rio Novo, que distava doze km de minha cidade. Foi nesta época com catorze anos que comecei a trabalhar numa horta que produzia hortaliças para serem vendidas na Central de Abastecimento da região. O proprietário desta era adventista também, e era ali que conseguia o dinheiro para pagar o transporte, numa kombi hiper lotada, me lembro que viajámos em quatro pessoas sentadas sobre motor da kombi para estudar. Nossa cidadezinha naquela época não tinha Ensino Médio e nem transporte público gratuito para ir a outra cidade estudar. Cerca de 80% dos que terminavam o ginásio, paravam seus estudos por ali mesmo, com o argumento de que nossa cidade não tinha mais estudos ofertados para eles. Isto corria o ano de 1984. Fiz o curso Técnico em Contabilidade, concluindo em 1987. Três anos após este vai e vem todas as noites para estudar, com muito sacrifício, persistência e resiliência venci mais esta etapa pelo poder e bondade de Deus em minha vida. Minhas primeiras lições de liderança e entrega à causa de Deus aprendi com meu pai. Sua história de vida marcou sobremaneira minha vida na minha infância. Ele queria ser pastor, mas faltou meios financeiros para se manter no internato na cidade de Petrópolis. Mas isto não afetou sua dedicação e sua fé. Ele atuou na construção e cuidado de nossa igreja em Goianá. Foi construída principalmente pelo seu esforço, através dos poucos recursos de vendas das colheitas, doações da Associação Rio Minas, que atendia Rio de Janeiro e Minas Gerais, e o principalmente, do trabalho dele. Trabalhou voluntariamente durante toda a construção sendo auxiliar do pedreiro, pintor e trabalhava em todo e qualquer serviço que precisasse. Não havia construído uma casa para sua família, pois como já disse, nosso avô materno havia presenteado minha mãe com a simples casa que morávamos. Mas tanto tentou, que ganhou um lote na praça central de nossa cidade, de uma senhora idosa que aceitara nossa fé. Mesmo com recursos escassos, construiu a igreja Adventista de Goianá. Além disto, era um instrutor bíblico por excelência e não perdia a oportunidade de falar às pessoas do amor de Deus e convidá-las a aceitar a salvação em Cristo Jesus. Era um discípulo, um missionário, e o desejo de ser um pastor brotou desde então em meu coração. Meu pai já descansa no Senhor desde 2003, aguardando a breve ressureição daqueles que morrem crendo. Não deixou bens materiais para nós quando descansou, mas um exemplo e uma herança de fé no Salvador e Senhor Jesus Cristo. Outra história muito significativa e que também me moldou muito para ser o ser humano que sou, aconteceu com minha mãe, que ainda vive e tem oitenta e sete anos. Eu tinha oito anos e havíamos ido à cidade vizinha, quando andando numa praça da cidade percebemos no primeiro degrau de uma pequena escada que levava a uma residência, um volume alto de dinheiro, caído em notas de dinheiro novinhas enroladas num elástico amarelo saindo de um envelope, antes do portão da casa. Ao perceber que era um valor consideravelmente alto, minha mãe disse para eu ficar ali, olhando, vigiando, tomando conta pra ninguém tocar, e atravessou toda a praça até a delegacia de polícia que ficava do outro lado, e retornou com um policial. Ele chamou o proprietário daquela casa, e ele descobriu que os recursos que tirara do banco poucos minutos antes, haviam caído sem a sua percepção ao se inclinar para abrir a fechadura do portão de entrada de sua casa. O dinheiro lhe foi então integralmente devolvido. Mas antes de entrar novamente em sua casa com o dinheiro, na frente do policial ele perguntou para minha mãe por que ela não havia pegado e ido embora com o alto valor. A resposta dela me encanta até hoje. Ela disse: Porque não era meu. Honestidade e lealdade são lições que aprendi bem cedo com minha querida e amada mãezinha. Eu sabia - e ela também - que não tínhamos dinheiro, mas não passava pela cabeça dela se aproveitar de uma situação e tomar posse de um dinheiro que não era dela. Outra coisa que aprendi com minha mãe, é que às vezes, quando eu reclamava sobre a dureza do nosso trabalho na roça, ela me dizia e incentivava a estudar cada vez mais, dizendo ser esta, a seu ver, a única maneira de trabalhar em um serviço mais bem remunerado e não tão cansativo. Louvo a Deus pelo senhor Américo e dona Horaida. A falta de recursos nunca foi problema para eles, pois eram extremamente trabalhadores e confiavam cegamente no Deus que seguiam. ELES me moldaram e me preparam para esta vida e a futura com carinho e muito amor. Na minha adolescência e início da juventude algumas coisas me preocupavam muito. Uma delas era que eu pensava que nenhuma moça aceitaria me namorar ou se casar comigo, por causa da minha falta de condição de dar uma vida digna para ela. Pensava “não tenho nada, como alguma menina vai se interessar por alguém que não tem condições de casar se um namoro der certo.” Algumas jovens se interessaram por mim, mas eu não tinha intenção de namorar para casar alguém que não fosse da minha fé.
Juiz de Fora– 18 A 34 ANOS – EXPECTATIVA DE FUTURO
Um mês após completar dezoito anos e o término do Ensino Médio, consegui um emprego fora da roça em Juiz de Fora, na Missão Mineira Sul que, mais tarde, passaria a ser uma Associação da Igreja Adventista para a Zona da Mata e o Sul do estado de Minas Gerais. Comecei como mecanógrafo, passaria a caixa, auxiliar do contador, auxiliar do RH e finalmente contador. Comecei a perceber que agora eu poderia sim namorar alguém para ser minha companheira de vida. Pensei “vou ganhar dinheiro e poderei me comprometer.” Me apaixonei perdidamente por uma moça que era irmã de um amigo que estudava comigo desde os sete anos. Eu a conhecia, portanto, desde os seus cinco anos, visto que ela era dois anos mais nova que eu. Seu nome era Magna. Na verdade, depois dos meus quinze anos até nos tornamos grandes amigos pela minha proximidade com o seu irmão que era meu amigo de escola, mas eu não tinha por ela antes esta vontade de namorar, e fazer dela a minha companheira de vida. Resolvi me declarar e ela foi extremamente contrária a esta possibilidade, pois entendia que se não desse certo, não seríamos nem namorados e nem amigos mais, e ela gostava de minha amizade. A gente conversava muito e isto ela temia perder se o namoro não caminhasse na direção de dar certo. A reciprocidade também era verdadeira, mas agora por ela ser extremamente diferente das demais moças, era muito obediente a seus pais mesmo nesta idade que a rebeldia às vezes aparece, me chamou muito a atenção. Justamente por este motivo, me encantei com ela e também parece que sua beleza tinha aflorado de uma maneira que eu não percebera antes. Era uma morena linda. Olhos um pouco esverdeados. Não foi fácil. Parece que tudo para mim tinha que ser difícil demais. Estudamos juntos a bíblia e ela aceitou a fé adventista. Após um ano de tentativas frustradas, ela permitiu que eu a beijasse. E ela se encantou com meu beijo. Na verdade, ela também queria me namorar. Namoramos, noivamos e nos casamos em aproximadamente três anos. Tenho certeza, fui presenteado por Deus com aquela mulher linda e virtuosa. Não poderia ter sido mais feliz com outra pessoa, pois ela também se apaixonou por mim e nos tornamos um casal feliz e extremamente ciente de que a felicidade de um era fazer o outro feliz. Amor genuíno e abnegado formavam a essência de nossa vida juntos. Casamo-nos em 1992. Eu já tinha o status de obreiro no trabalho da igreja naquela associação. Minha esposa começou também a trabalhar para a igreja uma semana após nosso casamento, se tornou telefonista e posteriormente secretária. Na Mineira Sul eu trabalhei por dezessete anos. Fui do chão da fábrica até a maior função que lá poderia exercer que era o cargo de tesoureiro. Tudo ia bem demais na minha vida. Estava amando e casado com a mulher que havia escolhido e profissionalmente também experimentava o papel de líder da tesouraria que nunca imaginava que seria. No meu preparo como obreiro fiz no Unasp e na Fadminas (internatos da igreja) as matérias de Estudos em Religião, uma espécie de aprofundamento em matérias de teologia preparadas para os obreiros da área técnica da igreja. Ainda que eu não tivesse plena consciência, isto me preparava para o meu sonho, ser pastor da minha igreja. O meu começo no escritório não foi muito fácil. Estava acostumado com o trabalho pesado, e por mais que possa parecer que foi fácil demais deixar de trabalhar o dia todo no sol quente e ir para um local que trabalha na sombra e com digitação numa máquina de mecanografia, não foi o que aconteceu. Eu por falta de prática, havia feito o curso de datilografia, mas fazia mais de dois anos e, fazer o trabalho com bom rendimento, careceu da paciência de um homem chamado Hugo Ernesto Quiroga. Ele foi meu primeiro líder e que me apoiou demais. Não fosse ele teria voltado para o trabalho no campo no fim da primeira semana trabalhando ali. Mas ele se mostrou paciente e com disposição de me ensinar mais e mais. Aos poucos pelo acompanhamento dele me tornei um bom servidor da igreja. Quando me tornei tesoureiro da Mineira Sul, ele havia deixado a função para ocupar a mesma função numa associação do Rio de Janeiro. Humanamente falando ele foi meu professor na prática, se tornou um bom amigo, sendo meu padrinho de casamento com sua esposa Margareth Knopp Quiroga. Também cito nesta fase da minha vida outros bons líderes no trabalho que se tornaram amigos como Wellington Pereira da Silva (in memoriam), Antônio Oliveira Tostes que atualmente é o diretor geral de todo o Sistema Novo Tempo para a América do Sul e Ezequias Rodrigues, outro bondoso líder que muito me ajudou. Trago muita gratidão a eles no meu coração. O status de obreiro na Igreja Adventista separa o servidor comum daqueles que têm maior compromisso e exclusividade no trabalho para a igreja. Eu já era obreiro quando meu cunhado, irmão de Magna, experimentava sucesso financeiro na vida como representante comercial de remédios para hospitais na mesma geografia que eu trabalhava para igreja. Nesta época eu era contador e ele foi promovido a gerente estadual deste importante laboratório que ele já trabalhava há cerca de dois anos. Ele me procurou e me ofereceu a sua vaga, me dando toda garantia de sucesso, pois ele seria meu gerente imediato e me apresentaria todos clientes de sua carteira, dizia que não tinha como dar errado e tentando me seduzir pelo aspecto financeiro pois o salário era cinco vezes maior que meus vencimentos na contabilidade que exercia naquele momento. Confesso que quase não dormi aquela noite, orei ao Senhor e, na manhã seguinte, fui falar com minha esposa. Estávamos casados há cinco anos aproximadamente. Disse a ela que o irmão dela me havia oferecido o emprego, e que eu estava muito interessado pois ele me ajudaria, e assim, ganharíamos muito mais dinheiro neste novo trabalho e que isto muito poderia mudar a nossa vida para melhor. Mas ela com muita sobriedade me falou uma frase que mudou todo o meu interesse na nova função, disse-me ela: - “Dani, como você pode pensar em deixar de trabalhar para Deus por causa de dinheiro? Eu não gostaria que você fizesse isto nunca. Para mim nós nunca deixaríamos de trabalhar para nossa igreja.” Após refletir nesta fala de minha amada, liguei para meu cunhado para dar a resposta, neste caso negativa, fato este que muito o surpreendeu. Deus sempre foi muito bondoso comigo, pois nem ele sabia, mas a empresa que ele trabalhava passava por sérias complicações financeiras, e três meses depois foi a falência sendo fechada e indenizando todos os seus funcionários. Como é bom ter uma esposa virtuosa, abençoada e temente a Deus! Esta foi a melhor fase de minha vida. Muitos sonhos, expectativas, uma esposa fiel e dedicada que eu amava demais. Com muito esforço iniciamos nosso pequeno patrimônio juntos, pois compramos nossa primeira casa de meu irmão Antônio. Mesmo usando o meu saldo do FGTS -Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, levamos mais três anos e meio pagando. Todo meu salário recebido era entregue para pagar as parcelas da aquisição. Isto envolvia também o décimo terceiro salário e um terço das férias. Tudo o que recebia era entregue integralmente a meu irmão. Nesta época vivíamos somente com o pequeno salário de Magna que, durante três anos, nunca pôde comprar uma roupa, ou sandália nova, e, apesar disto nunca esboçou uma única reclamação. Sempre companheira ela me deixava cada vez mais apaixonado e encantado por ela. Se eu pudesse escolher de novo, a escolheria para ser minha esposa novamente sem titubear. Como a amava. E me sentia amado também. No meu primeiro ano de trabalho, em mil novecentos e oitenta e oito passei em dois vestibulares para fazer minha graduação: Direito e Ciências Contábeis. Optei por Ciências Contábeis. Neste primeiro momento ainda era solteiro e ganhava salário-mínimo. O problema é que a Missão tinha apenas cinco anos de existência e não experimentava solidez financeira. Assim, não tinha como me ajudar a pagar a faculdade, ainda que fosse para adquirir conhecimento para o trabalho. Eu ainda era solteiro, e gastava quase oitenta por cento do meu salário líquido para pagar as despesas de mensalidade escolar e de transporte para o estudo. O restante era insuficiente para pagar um quarto que dividia com meu irmão Paulo e me alimentar. Resumindo, por falta de dinheiro comecei a não me alimentar bem, e isto me levou a ficar uma semana internado tomando soro na veia para me recuperar. Por falta de recursos tive que abandonar a faculdade neste momento e voltar a estudar após estar casado e numa situação financeira um pouco melhor para poder fazer frente aos custos. Formei após esta segunda tentativa de terminar minha graduação. A bíblia diz no livro de Salmos no capítulo cento e vinte e sete verso três, que a herança do Senhor são os filhos. Magna no início do casamento dizia que não queria ter, e eu afirmava que na hora certa nós teríamos. Um tratamento com o neurologista por causa de uma dor de cabeça quase constante adiou o que passou ser desejo dela também. Mas após seis anos de casados Deus nos presenteou com um lindo menino chamado Davner. Após o nascimento ela dizia que não queria ter mais filhos, e eu desejava ter pelo menos mais um. A minha vida foi facilitada quando Davner começou aos quatro anos de idade pedir um irmãozinho, que foi outro presente de Deus para nós e que ela e Davner escolheram o nome de Dayvner. Duas dádivas de Deus para nós que ela com muita paciência e cuidado investia todos os dias com estudo da lição para a faixa etária, cultos infantis contando histórias e músicas infantis que eram repetidas por eles sempre. Ela investiu tempo e cuidado com estes meninos com assuntos espirituais como poucas mães o fazem. Sou muito grato a Deus pela minha esposa e pelos meus filhos. Uma das primeiras grandes tristezas da minha vida aconteceu no ano de dois mil e três. Meu pai já estava enfermo há algum tempo, resultado de três derrames cerebrais, e tinha o lado esquerdo paralisado. A doença do meu pai fez minha mãe ter dedicação especial a ele por cinco anos seguidos. Ficava mais tempo na cama do que sentado num sofá que preparamos para ele sem risco de queda com amarras que passavam pelo seu peito e prendia atrás do mesmo. Era ruim vê-lo doente. Todavia durante todos estes anos ia em todos os cultos, seja culto de oração nas quartas feiras, culto de sábado ou domingo. Meu irmão João tinha uma kombi, e ele tirou os bancos de trás e nós colocávamos o sofá com ele neste espaço. Podia ser numa cadeira de rodas, mas o sofá era muito mais confortável. Como tinha sete filhos vivos, cada dia da semana um filho ajudava minha mãe no cuidado dele. Mas infelizmente meu pai adoeceu e ficou hospitalizado e desta vez não voltou para nossa casa. Meu pai, meu primeiro líder, meu guia espiritual descansava crendo no Senhor, e o sepultamos no único cemitério de nossa cidade num túmulo que já guardava os restos mortais também de meu avô. Após 17 anos de trabalho na Associação Mineira Sul, passando por várias funções técnicas até chegar na esfera administrativa, como tesoureiro trabalhei apenas dois anos ali, recebi uma ligação do tesoureiro da União Sudeste Brasileira me informando que fora nomeado como tesoureiro da Associação Mineira Central com sede em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Mesmo temeroso, aceitei como sempre o fiz o chamado, pois creio que as idas e vindas na minha vida para servir a igreja são providenciadas por Deus, pois Ele é quem dirige minha vida e sabe o que é melhor para mim.
Belo Horizonte – 35 a 40 anos – Fortalecimento na função de Administrador
A ida para Belo Horizonte foi muito importante para mim e para Magna. Pela primeira vez saímos de bem perto de nossas famílias para ficar um pouco mais distantes e isto foi bom para nossas vidas. Uma espécie de corte do cordão umbilical novamente. Tomamos muitas decisões sob fortes influências familiares e estar um pouco distante nos fortaleceu mais ainda no matrimônio. Os filhos cresciam e estávamos numa época de plena felicidade no lar. Este foi um período de amadurecimento na função de tesoureiro e fortalecimento na mesma. Neste local fizemos muitas amizades, posso destacar uma de cada um de nós. Pr José Marcos Nunes de Oliveira que era colega de administração e secretário do campo, era muito espiritual e muito me ajudou neste quesito em minha vida. Ele gostava de fazer vigílias em busca do poder com os pastores e era muito dado à oração e isto me influenciou positivamente. Ao chegar na Mineira Central percebi a necessidade de trocar a secretária da tesouraria, a escolhida se chama Kelly Almeida e esta jovem senhora se tornou para o resto de sua vida a melhor amiga de minha esposa. Eram confidentes, amigas e se ajudavam naquilo que podiam no trabalho e na vida. Foram momentos maravilhosos em Belo Horizonte. A geografia do novo campo era muito extensa. Às vezes viaja para o norte do estado na quinta feira e o retorno era somente na segunda feira ou terça feira seguinte. A viagem para este lado do campo às vezes compreendia mais de mil e seiscentos quilômetros em estradas nada boas e até de terra para atendimento nas pregações, treinamentos aos tesoureiros e acompanhamento de construções e inaugurações de igrejas. Quando o atendimento era na região central do estado era muito mais perto. Todavia a outra ponta do campo missionário que trabalhava era ainda mais distante. O triângulo mineiro também fazia parte de nossa geografia e para atender esta região gastava até mil e oitocentos quilômetros de ida e volta. Poucas vezes fui de avião, pois o preço da passagem era muito mais caro e para aproveitar bem o espaço no carro e ter menos custo, viajávamos as vezes quatro no carro. Cansava, mas era maravilhoso. As viagens longas nos faziam conhecer mais e mais uns aos outros e amizades eram criadas e fortalecidas nestes momentos. Muitas reuniões administrativas também eram realizadas dentro dos carros nas viagens. Onde estava este território no ano de dois mil e cinco quando cheguei nesta associação, hoje, pelo crescimento experimentado pela igreja ao longo dos anos já existem três campos de atuação da nossa igreja. A Associação Mineira Central que já existia, a Missão Mineira Norte com sede em Montes Claros, e a Missão Mineira Oeste com sede na bela cidade de Uberlândia. Foi nesta associação que tive um dos meus sonhos realizados. Pelo reconhecimento da igreja me tornei um Pastor Adventista, com a Ordenação ao Ministério. Fiquei extremamente honrado, realizado e feliz. Minha esposa e nossos filhos pequenos participaram de toda a Cerimônia na igreja central de Belo Horizonte, com a presença de amigos e até de José Loures Ciconelli que era na ocasião prefeito de minha cidade natal. Deus me dava um presente maravilhoso! Nesta fase de minha vida tive a oportunidade de fazer uma pós-graduação em Ciência da Religião. Adquirir mais conhecimento foi um dos conselhos de meu pai, que dizia que aprender cada vez mais não atrapalha, pelo contrário, só nos ajuda e sempre haverá espaço na cabeça para ter mais informações e conhecimentos. Dentre as muitas realizações neste campo, incluo a inauguração de várias igrejas, reforma do principal colégio do campo, o CABH. Foi nesta associação também que construímos um Centro de Treinamento que até hoje atende a igreja e fica numa região muito privilegiada da capital mineira chamada Pampulha. O Catre atende treinamentos das mais diversas áreas da igreja, acampamentos de carnaval e a igreja de forma geral. Na minha época as outras associações do estado também faziam concílios pastorais neste ambiente. Outra realização que considero muito importante foi meu desafio de informatizar as tesourarias das igrejas, lançar algo que desafiasse nossos tesoureiros locais a ter crescimento técnico no serviço voluntário que realizavam e simultaneamente ter crescimento espiritual. Apresentei então um projeto em forma de competição entre eles, para premiá-los ao final de um ano de trabalho. O projeto lançado era para descobrir o melhor tesoureiro das igrejas, o Tesoureiro Nota Mil. Pontualidade, assertividade, comprovação fiscal hábil da escrituração realizada seria avaliada e ao final os melhores seriam premiados. Começou com uma certa desconfiança, mas começou a decolar quando perceberam a preocupação espiritual do projeto que incentivava a participarem de pequenos grupos, ministrarem estudos bíblicos e apelarem para levar pelo menos duas pessoas ao batismo por ano. Estas atividades espirituais valiam mais pontos que as técnicas. Uma situação preocupante ocorreu quando fomos assaltados por bandidos à mão armada dentro da sede da associação. Indevidamente nosso caixa enfrentou o que estava armado e o revólver falhou por cinco tentativas. Na fuga precipitada dele sendo perseguido por dois funcionários, um tiro saiu sem direção acertando o teto e quebrando o forro de gesso. Um comparsa o aguardava e bateu com o carro no portão derrubando o mesmo e possibilitando a fuga. Após a frustrada tentativa eu recebi ligações ameaçadoras com ameaças de morte. Dias, semanas e meses seguidos foram de bastante temor para nós. Colocamos guarda armada no escritório e a polícia nos aconselhou a não ficar repetindo a mesma rotina todos os dias, e ir e vir ao trabalho por ruas diferentes a cada dia. Foi um momento de muita preocupação principalmente com as idas e vindas de nossos filhos para a escola. Mas nosso bondoso Deus, mais uma vez nos protegeu. Foi muito bom servir ali. Havíamos formado um bom número de novos servidores chamados do nosso internato em Lavras, e a Associação experimentou um crescimento financeiro muito bom. Após seis anos trabalhando lá, fomos chamados por uma Assembleia Quadrienal da Igreja para o estado do Espírito Santo. Estávamos muito bem, mas seguindo o propósito de deixar Deus guiar nossas vidas, aceitamos este novo chamado.
Vitória – 41 a 48 anos – VIDA EM TERRAS CAPIXABAS
Nesta transferência tivemos mais uma notícia ruim, mesmo antes da mudança descobrimos que meu sobrinho Leandro, filho de meu irmão Paulo, com apenas catorze anos de vida estava acometido de um câncer chamado Sarcoma. Até então não sabíamos da gravidade e quão agressivo ele era. Por orientação de uma bondosa médica adventista que pedi para atendê-lo, o levamos para o Rio de Janeiro, para receber tratamento no INCA – Instituo Nacional do Câncer. Este hospital é referência na América do Sul para este tipo de tratamento. Mas infelizmente cinco meses depois de constatada a doença estávamos enterrando-o junto de meu pai. Foi muito triste para mim e minha família, pois ele era um ano mais velho que meu filho Davner, e passava pelo menos uns dois meses na minha casa durante o ano por ocasião de suas férias escolares. Foi um baque na fé de meu filho mais velho, que não entendia por que Deus não havia atendido suas preces. Nossa mudança para Vitória, capital capixaba foi algo muito bom que nos aconteceu. A cidade é maravilhosa, encantadora. Sua beleza e qualidade de vida nos fez ainda mais felizes. Planejamos mesmo ao aposentarmos viver nesta cidade. Sua estrutura é maravilhosa, pois é uma capital com ares de interior por não ser muito grande. Não experimentamos engarrafamentos demorados, a estrutura de atendimento médico é excelente, os parques e praias são lindíssimos. A cidade é espetacular, o estado maravilhoso. Sentimos que Deus nos deu mais um presente mudando para este lugar. Esta nova geografia de trabalho era composta por cidades no interior com forte influência alemã e italiana pela colonização feita por imigrantes desta parte da Europa. Conheci um povo muito missionário e fogoso para trabalhar para Cristo. Participei pela primeira vez de uma campal num local chamado Morobá. No meio rural uma vez ao ano, um final de semana inteiro, a igreja se reunia para uma festa espiritual com aproximadamente sete mil pessoas. Era algo encantador para mim. Músicas, orações, sermões e seminários espirituais davam o tom da programação. Participei desta maravilha por oito anos, e ano após ano ficava maravilhado ao participar da liderança deste evento. O crescimento financeiro desta associação foi ainda maior que no campo anterior. Em um único ano inauguramos e reinauguramos trinta e seis igrejas. Abrimos novos distritos pastorais, para melhor atender os irmãos que faziam a igreja crescer rapidamente. Na Expansão patrimonial, praticamente fizemos uma nova associação ao lado da existente para atender as demandas do crescimento da igreja e do sistema composto de quatro rádios da igreja neste local. Neste campo tem um internato de educação até o Ensino Médio. Mas apesar de completar cinquenta anos de existência não tinha um local para adoração. A igreja era dividida por colunas e no mesmo local eram realizadas atividades culturais e festas dos alunos. Foi ali que ajudei a liderar a construção da maior igreja que já ajudei a fazer. Com apoio da União construímos a igreja para mil pessoas. Ficou uma lindeza e encanta a todos que a visitam. Deus seja louvado por esta obra. Outro fator de crescimento extraordinário foi a expansão educacional. Citarei apenas o CAV - Colégio Adventista de Vitória que tinha pouco mais de quatrocentos alunos. Construímos um anexo duas vezes maior que a escola já existente. Quando terminei minhas atividades já eram mil e duzentos alunos matriculados. Muitas oportunidades de se oferecer a salvação. Neste local o Projeto Tesoureiro Nota Mil alcançou seu maior sucesso. Principalmente espiritual. Para ter uma ideia, apenas um tesoureiro chamado Aguilar, da cidade de Baixo Guandu, num único ano ministrou estudos bíblicos e levou ao batismo vinte e seis pessoas. Como fiquei realizado por incentivar meus liderados a terem foco e envolvimento missionário. No ano de dois mil e dezessete, os tesoureiros da Associação levaram juntos ao batismo cento e oitenta e seis pessoas. Louvado seja nosso Deus. Foi durante este período de minha vida que perdemos o Leandro e infelizmente também a dona Celina minha sogra por câncer. Mas a maior tristeza estava por vir. Ao final de dois mil e dezoito descobrimos um câncer de colorretal na Magna. Junto a este, Davner voltava do internato com uma depressão profunda. Cuidar da minha esposa e do meu filho primogênito eram uma prioridade para mim. No final deste mesmo ano fui reconduzido por unanimidade para dar continuidade à função de tesoureiro após oito ano na função. Os dias foram difíceis demais. Ver pessoas que você ama sofrerem, dói demais. Davner foi se recuperando lentamente com tratamento especializado. Magna também parecia que ia melhorar. Ao final do primeiro ano de tratamento quimioterápico, apesar do sofrimento, os exames revelaram que o tumor havia reduzido cinquenta e um por cento. Imaginei matematicamente que, então ao final do segundo ano de tratamento ela estaria curada. Durante este período e por bondade de Deus e da liderança da igreja fui transferido, mas para que não houvesse interrupção no tratamento de minha esposa, fui para a mesma função na associação que ficava ao lado. Apenas oito quilômetros separavam uma sede da outra. De maneira que mudei de local de trabalho, mas nem precisei mudar de endereço de residência. E isto foi ótimo pois Magna amava morar em nosso apartamento em Vitória.
Cariacica – 49 a 53 anos ... – CONHECENDO TODO O ESPÍRITO SANTO
No novo local de trabalho, eu e o presidente chegamos quase junto. Ele estava há uma semana quando eu fui nomeado na comissão diretiva e mais uma vez aceitei o chamado de Deus. Nossos líderes da União pediram que nosso trabalho fosse voltado para unificar forças, queriam que o campo trabalhasse numa unidade que havia se perdido na gestão anterior. Foi desafiador, mas possível graças ao forte aspecto espiritual do novo presidente e a presença benfazeja do Espírito Santo. Aos poucos e, lentamente, fomos trabalhando com cuidado e cautela e o clima não tão amistoso foi substituído pelo navegar da igreja em águas mais tranquilas. Louvo o nome do Senhor por isto. Foi Ele que transformou aqueles pastores, obreiros e membros para glória do nome dEle. Esta nova geografia de trabalho era no mesmo lindo estado do Espírito Santo, mas na geografia do centro para o sul. Há também neste local uma campal na cidade de Laranja da Terra no interior do estado. É a famosa campal de Ribeirão. Fica também na zona rural. Esta campal é ainda mais antiga que a campal do outro campo. Todavia um número menor de pessoas se faz presente. Mas por serem menos pessoas, parece que o calor humano aflora e a sinto mais charmosa. Neste local os irmãos disputam os presentes para ir almoçar em seus lares. O aconchego é ainda maior e isto a torna mais charmosa e especial. O tratamento da minha querida e amada esposa continuava. Era sofrido para ela. Ás vezes nas quimios, pela incidência maior de corticoides ela ficava muito inchada. Tinha dificuldades de ir ao banheiro e sentia fortes dores abdominais, aliado a um mal-estar e presença de vômitos quase frequentes. Como doía vê-la sofrendo, mas tinha esperança do tumor diminuir a cada dia que passava nesta angustiante jornada. Na verdade, esperava pela cura, pois orar para mim se tornara tão importante como comer. Acreditava que Deus faria este milagre em meu lar e isto seria motivo de dar testemunho junto dela nas igrejas que fôssemos após sua miraculosa cura. Para piorar enfrentamos um período de pandemia do coronavírus. O medo de contaminação deste maldito vírus com ela fragilizada pelas quimios fez com que meus filhos que tinham aula por vídeo, por precaução e prudência, ficassem quase um semestre na casa de minha irmã em outro estado. Esta irmã chamada Cirleni, foi um anjo na minha vida. Ela deixava sua casa e durante o tratamento de Magna de quase dois anos, vinha para cuidar dela, de meus filhos e também de mim. Amo de coração esta irmã querida. Minha gratidão a ela será eterna. No início de dezembro do ano de dois mil e vinte, após todos na nossa casa pegarmos covid, inclusive Magna e vencermos esta doença, Magna voltou à quimioterapia para dar prosseguimento ao tratamento. Foi agendada nova quimioterapia após exames indicarem a possibilidade de voltar a se tratar. Foi feita a quimioterapia, numa sexta feira. No sábado não agendei pregação em nenhuma igreja e juntos fizemos nosso culto em casa, e assistimos uma pregação de um colega pastor pela internet. Tudo parecia ir bem, até à noite. Ele começou a sentir fortes dores abdominais. Tão fortes que não aguentou e fomos para o hospital na manhã do dia seguinte. Como foi doloroso ficar vendo-a sofrer. Se pudesse trocava de lugar com ela. Orava ao Senhor pedindo livramento e cura. O médico a atendeu e imediatamente no dia seguinte me procurou dizendo que por uma obstrução intestinal ela precisava ser operada. Precisava de minha autorização. Se realizasse a cirurgia teria uma pequena possibilidade de viver, caso eu não autorizasse ele me disse que ela viria a óbito certamente. Conversei com meu amigo e presidente pastor Itamar e com meus filhos e a autorização foi dada. Fiquei por três horas conversando com ela no centro cirúrgico antes de acompanhar a minha querida na maca até a entrada do centro cirúrgico. Ajoelhei-me e oramos juntos naquela UTI. Foi a última vez que a vi com vida. Após a cirurgia entrou em coma e descansou uma semana depois. Como é duro perder alguém que você ama mais que a você mesmo. Tristeza, angústia, dor, lágrimas e uma saudade que quase te sufocam foi o que experimentei. Como é ruim ficar sem alguém que você pensava que nunca ficaria sem. Como foi difícil para mim e meus filhos. Lembranças boas nunca paravam de vir à mente. As diversas viagens e momentos bons que vivenciamos passeando pelos Estados Unidos e diversas cidades de nosso país, além de muitas outras lembranças não tão boas, como o tratamento quimioterápico martelam minha mente. Muitas pessoas me procuravam para me consolar, mas somente o Espírito Santo conseguia acalmar meu coração. Orava muito pelos meus filhos suportarem as perdas sem perderem a fé. Foi disparado o pior momento de minha vida. Preferia mil vezes ter morrido primeiro a passar por esta situação. Mas dizia, e digo a meus filhos, para esperarem que ainda que não tenho explicações para dar para eles agora, a eternidade nos revelará o porquê de tudo isto, e tomei como lema de vida que o melhor está por vir. A situação nesta hora complica, pois, além de cuidar de você, se pensa muito na saúde emocional de seus filhos. Ambos fazem tratamento com psiquiatra e psicólogos. Remédios controlados precisam ser ministrados por receita médica. O sofrimento continua na vida de quem perde um ente querido que ama. Foi nesta condição que conheci um homem que lidera a igreja e nos preside. Na verdade, ele não é apenas um líder, mas um líder que representa como poucos o nosso Mestre Jesus. Pr Itamar Lélis Rodrigues foi e é um conselheiro e companheiro de ministério igual nunca tive. Este homem passou a noite no carro no estacionamento do hospital enquanto minha esposa estava sendo operada. Disse para ele ir para casa descansar, mas ele e sua esposa Debora não arredaram pé. Ele exerce uma liderança servidora, por isto acho ele o melhor representante de Jesus que eu já conheci no ministério pastoral adventista. Ele é outro que serei eternamente grato. No novo campo compramos uma propriedade do SESI, e a transformamos em uma escola na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do estado. Também ampliamos a escola do bairro Ibes na cidade de Vila Velha. Neste momento estamos em negociação para a compra de um colégio que pertenceu à igreja Batista no bairro Praia da Costa em Vila Velha que nos permite colocar cerca de mil e oitocentos novos alunos. A negociação está em fase avançada e vamos seguir pela confiança que Deus proverá todos os meios necessários. Implantei também o Projeto Tesoureiro Nota Mil e os tesoureiros estão participando e se envolvendo cada vez mais nas atividades. Profissionalmente experimento uma inovação na gestão ao participar da Criação da Net – USEB (nova estrutura técnica de nossa União) onde parte das atividades são realizadas no escritório outra parte remota sendo realizada na Fadminas, o internato de nossa união. Estamos fazendo mais com menos recursos na área técnica, para que tenhamos mais recursos para a linha de frente e pregação do evangelho de salvação. A Net-USEB foi criada a partir de muitos estudos em que nos dividimos em subcomitês, divididos em dez áreas de atuação no escritório. No final tudo era submetido ao comitê central em que todos os tesoureiros dos dez campos da nossa união são dirigidos pelo pastor Jabson Magalhães, tesoureiro de nossa união, para tomarmos as decisões que julgamos serem as melhores para os propósitos que nos determinamos a procurar. Antes de falecer, minha esposa me pediu para fazer três coisas caso ela viesse a faltar. A primeira não dar a sua cachorrinha Meg, um maltês com poodle para ninguém, que cuidasse dela até a sua morte. Segunda coisa, que cuidasse de nossos filhos, independentemente da idade, pois para os pais os filhos sempre são ainda imaturos para a vida. E terceiro pedido, que eu me casasse com uma mulher que fosse uma boa companheira, pois sabia que como pastor eu precisaria disto, e dizia que se ela viesse a falecer muitas damas me procurariam para tentar contrair matrimônio comigo. Confesso que não me senti à vontade com estes pedidos dela e disse que isto não seria necessário pois acreditava que ela ficaria curada, e que achava que eu morreria primeiro. Não imaginei que ela fosse acertar tanto em relação ao terceiro pedido. Surpreendido fiquei com o alto número de pretendentes que me procuravam, seja através de outras pessoas ou das redes sociais. Eram tantas que até incomodavam. Coloquei no meu coração que não pensaria em novo casamento até que se passasse pelo menos um ano. Após este tempo, se você se lembrar desta narrativa completa, vai se lembrar de minha secretária de Belo Horizonte que se chama Kelly e era a melhor amiga de minha esposa. Lembra? Pois ela fez psicologia, e ao conversar um pouco com ela, agiu de cupido e me sugeriu namorar sua irmã. Para resumir a conversa me casei com Michelle, em outubro de dois mil e vinte e dois e estou desde então tendo uma nova experiência de vida, em um novo lar. Ela é linda, tem um coração muito bondoso e faz o melhor para cuidar de mim, de meus filhos e da Meg. Portanto, tenho atualmente cinquenta e três anos de idade e estou voltando a estudar neste mestrado de liderança. Para mim o primeiro período presencial foi de grande aprendizado e estou disposto a terminar com êxito mais este ciclo de estudo em minha vida com meu esforço, a ajuda de meus amigos, de meus professores e orientadores e principalmente contando com a ajuda de meu Deus, em que aguardo novos dias em que não tenhamos apenas momentos felizes, mas momentos em que a felicidade será eterna. Maranata!
Quem sou eu agora?
Neste momento de minha vida, sou uma pessoa muito mais reflexiva. As perdas afetivas por óbito também nos moldam e por vezes endurecem, ou amolecem o coração. Comigo não é diferente. Vivo uma nova fase da minha vida, com um novo e recente matrimônio, experimentando uma nova configuração no lar, com filhos e uma esposa que não é a mãe deles, em que tudo é muito diferente, e que são necessários vários ajustes e muito, mas muito equilíbrio e sabedoria para que as coisas andem no curso de boa harmonia dentro do lar. Pois tudo é novidade para todos nós quatro integrantes desta nova família. Tenho preocupação com meus filhos, pois estão em tratamento por uma depressão experimentada durante o tratamento quimioterápico e após perda da mãe. A vida segue para mim um curso diferente do planejado inicialmente. Filhos mais céticos pelas perdas de primo, vó e mãe, todos pela mesma doença, e mais tristes e pensativos. Nas nossas conversas digo a eles que o melhor está por vir e que a eternidade vai compensar tudo, mas na fase de idade deles, isto se torna bem complicado e crítico. Sou também alguém um pouco mais preocupado com a minha saúde, procurando na medida do possível usar os remédios naturais deixados por Deus, como beber mais água e voltei a fazer exercícios físicos após longo período sem esta prática. Gostaria muito de ver Jesus voltando em breve e ter todos meus queridos salvos para sermos completamente felizes na eternidade, pois a felicidade aqui nesta terra é experimentada em picos rápidos e transitórios, onde a felicidade é efêmera. Com relação às escolhas da vida me considero muito mais racional e principalmente muito mais seletivo com relação a temas a serem discutidos e tratados. Se não desejo discutir, conversar, dialogar sobre temas que julgo ser perda de tempo, não o faço na maioria das vezes. Parece que me tornei menos paciente com relação a alguns temas que julgo serem insignificantes. Com relação ao trabalho de pastor e tesoureiro, escolhi mergulhar de cabeça ainda com mais dedicação, engajamento e foco, pois me alivia e me distrai, além de abreviar a volta de Jesus. Em meu Mestre e Salvador eu confio cegamente, ainda que o inimigo interrompa meus sonhos e me assole com tristezas e angústias, nEle espero, pois a vitória já está garantida, e eu creio. Meus valores são os herdados principalmente de meus pais, e minhas paixões são minha família, minha igreja e principalmente a minha fé no meu Senhor e meu Salvador Jesus Cristo. Concluo esta parte dizendo que fui discipulado por pessoas que contribuíram para o líder que me tornei, posso tranquilamente citar características que entendo ter assimilado como: a dedicação e entrega de meu pai, a honestidade e bondade de minha mãe, a paciência e abnegação de minha primeira professora, o apoio e oportunidade de meu primeiro líder no escritório, a inteligência e sabedoria do pastor Antônio Tostes, o temor a Deus e amor de minha esposa, a liderança servidora de meu atual presidente. Também aprendi muito na bíblia com as lições de liderança ensinadas por Cristo Jesus, nosso bondoso, poderoso e amoroso Deus.