Liderança Por Meio das Organizações
Comportamento e Desenvolvimento Organizacional
O comportamento e o desenvolvimento organizacional são temas centrais no contexto da liderança contemporânea. O modo como líderes influenciam suas equipes, promovem mudanças e desenvolvem ambientes colaborativos impacta diretamente a sustentabilidade institucional. Este trabalho propõe uma reflexão teórico-prática sobre o papel do comportamento organizacional na transformação institucional, com ênfase na confiança como elemento central, conforme argumentado por Stephen M. R. Covey (2008). A análise se apoia em fundamentos clássicos e modernos da literatura acadêmica, além de experiências práticas no contexto de uma organização religiosa.
Segundo Robbins, Judge e Sobral (2011), o comportamento organizacional é o campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura exercem sobre o comportamento das pessoas nas organizações. O objetivo é utilizar esse conhecimento para melhorar a eficácia organizacional. Esse comportamento inclui aspectos como motivação, liderança, comunicação, estrutura de grupos, percepção, processos de mudança e resolução de conflitos.
Além disso, conforme análise de textos complementares, as atitudes individuais e coletivas moldam o clima organizacional e influenciam diretamente os resultados institucionais. Wisinski (1995) contribui ao considerar o conflito como um fenômeno natural, que, se tratado adequadamente, pode gerar soluções criativas e colaborativas.
O desenvolvimento organizacional, de acordo com Burke e Litwin (1992), envolve transformações estruturais e culturais nas organizações com o objetivo de melhorar o desempenho. Senge (2006) sustenta que organizações eficazes são aquelas que aprendem continuamente e cultivam o pensamento sistêmico. Nesse processo, a liderança tem papel fundamental, sendo responsável por motivar, inspirar e facilitar a mudança.
Collins (2006) aponta que líderes eficazes são aqueles que constroem organizações duradouras com base na humildade, na disciplina e em equipes coesas. Blanchard (2007) acrescenta que a liderança de alto nível promove a excelência por meio do desenvolvimento de pessoas e da construção de culturas fortes. Covey (2008) argumenta que a confiança é o principal ativo organizacional. Sem ela, processos são mais lentos e caros; com ela, há maior engajamento, velocidade e resultado. Para promover mudanças eficazes, o líder deve avaliar: a organização é íntegra? Tem boas intenções? É competente? Entrega resultados? Esses pilares sustentam a legitimidade para transformar.
Esse conjunto de ideias sustenta uma visão contemporânea e ética de liderança, em que resultados sustentáveis dependem não apenas de estratégia, mas de caráter, valores e relacionamentos saudáveis. De acordo com Kouzes e Posner (2012), líderes eficazes são aqueles que “modelam o caminho”, inspirando os outros por meio de valores vividos e pela coerência entre discurso e prática. Para eles, a credibilidade é a base da liderança, e essa confiança se constrói com ações concretas, não com palavras vazias.
Essa perspectiva está alinhada à proposta de Greenleaf (2002), que introduz o conceito de liderança servidora — modelo em que o líder serve primeiro, demonstrando sensibilidade às necessidades dos liderados e promovendo o bem comum. Tal abordagem fortalece a cultura organizacional por meio do cuidado, da escuta ativa e da valorização do outro, aspectos que promovem ambientes de confiança, engajamento e transformação social.
Peter Drucker (2001), por sua vez, sustenta que a eficácia do líder está em "fazer a coisa certa", o que vai além da competência técnica: trata-se de agir com discernimento ético e visão de longo prazo. Isso implica alinhar propósito e desempenho, inspirando equipes a alcançarem metas significativas em um ambiente de confiança mútua e responsabilidade coletiva.
Portanto, a liderança organizacional moderna exige mais do que autoridade formal ou domínio técnico; requer legitimidade moral, compromisso com o desenvolvimento humano e responsabilidade na construção de culturas organizacionais resilientes, éticas e orientadas para o futuro.


Reflexão
Como administrador financeiro de uma associação religiosa, tenho vivenciado os desafios do comportamento organizacional. Mesmo reconhecendo a necessidade de mudanças estruturais, percebo que a forma como essas mudanças são conduzidas influencia diretamente a sua aceitação. Mudanças rápidas demais causam insegurança. Ao aplicar os princípios de Covey (2008), passei a promover escuta ativa, participação coletiva e decisões pautadas na confiança. Isso tem facilitado a construção de um ambiente mais receptivo às transformações.
A teoria é essencial para oferecer diretrizes, mas sua aplicação precisa considerar o contexto. Organizações religiosas, por exemplo, têm características culturais específicas. A confiança não é apenas uma ferramenta de gestão, mas um valor relacional. Entendo que a liderança deve ser adaptativa, capaz de equilibrar técnica com empatia e sensibilidade cultural.
Comportamento organizacional e o desenvolvimento institucional estão interligados. A liderança eficaz baseia-se na confiança, na escuta ativa e na construção de vínculos. A mudança sustentável acontece quando as pessoas se sentem respeitadas e compreendidas. A confiança, portanto, não é só o ponto de partida, mas o caminho para a transformação institucional verdadeira.
Referências bibliográficas:
Blanchard, K. (2007). Liderança de alto nível: Como criar e liderar organizações de alto desempenho. Porto Alegre, RS: Bookman.
Bossidy, L., & Charan, R. (2019). Execução: A disciplina para atingir resultados. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books.
Burke, W. W., & Litwin, G. H. (1992). A causal model of organizational performance and change. Journal of Management, 18(1), 523–545. https://doi.org/10.1177/014920639201800306
Collins, J. (2006). Good to great: Empresas feitas para vencer. Rio de Janeiro, RJ: Editora Campus.
Covey, S. M. R. (2008). A velocidade da confiança: O segredo que transforma relacionamentos e organizações. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil.
Gomes, F. J. (1987). Comportamento organizacional. Revista de Administração de Empresas, 27(3), 30–35.
Greenleaf, R. K. (2002). Servant leadership: A journey into the nature of legitimate power and greatness. Mahwah, NJ: Paulist Press.
Kouzes, J. M., & Posner, B. Z. (2012). O desafio da liderança. São Paulo, SP: Saraiva.
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Robbins, S. P., Judge, T. A., & Sobral, F. (2011). Comportamento organizacional: Teoria e prática no contexto brasileiro. Campinas, SP: Pearson Universidades.
Senge, P. M. (2006). A quinta disciplina: Arte e prática da organização que aprende. Rio de Janeiro, RJ: Best Seller.
Wisinski, J. (1995). Resolving conflict in the workplace. Waukesha, WI: CRW Publications